Aracnofobia
Medo das aranhas.
Tarântula
Assustadora e peluda, a tarântula vagueia pela terra há mais de 350 milhões de anos. É uma das maiores aranhas, famosa pelos enormes aguilhões com os quais injecta veneno paralisante nas presas. Existe uma espécie conhecida por matar até pássaros e atacar ninhos. Mesmo a mais terrível víbora não está segura!
Mas as tarântulas também têm inimigos. Embora se refugiem em tocas profundas, são às vezes descobertas e forçadas a sair.
Não são perigosas para o homem, embora alguns dos seus parentes o sejam. É o caso da Aranha Caranguejeira do Brasil, também chamada Aranha da Banana, que tem as glândulas cheias com uma neuro-toxina mortal e que morde primeiro e pergunta depois! Bem como a aranha fêmea Viúva Negra, que se distingue pela ampulheta vermelha que tem nas costas; ela só morderá se for acuada, mas o seu veneno é ainda pior que o da Cobra Cascavel.
Talvez seja a forma como se movem, ou como se apropriam de um lugar dando-lhe um aspecto lúgrube. Todos temos um profundo horror por aranhas, mas a menos que subitamente nos transformemos numa mosca, muito pouco temos a temer. São aliás seres fascinantes!
Da forma como fiam a seda, por exemplo! Ela é extraída de órgãos que possuem nas costas, chamados fiandeiros, a seda líquida dentro das glândulas da aranha transforma-se fora do corpo em fios sólidos. Todas as aranhas fiam seda, mas nem todas tecem teias.
Pertencem à família dos aracnídeos, que incluem escorpiões e ácaros. Existem cerca de 35.000 espécies conhecidas de aranhas, sendo a mais impressionante e a maior de todas a tarântula.
Percorrem desertos e savanas, mas preferem as florestas chuvosas, quentes e húmidas, onde vivem debaixo da terra e nas árvores. Variando de cor e tamanho, têm em comum os pelos em profusão. Com os corpos divididos em duas partes, o abdómen atrás e o encefalotórax à frente, as suas cores abrangem o arco-íris. Têm em média cerca de 13 cm de envergadura de pernas, embora existam excepções que atingem o tamanho de um prato. A visão delas é medíocre, embora tenha vários olhos, vê tudo de uma forma embaciada, distinguindo apenas a luz da escuridão; depende assim do apurado sentido do tacto. A espessa camada de pelos do corpo actua como um gigantesco órgão sensor, ajudando-a a captar sinais do mundo que a rodeia.
Há umas mais peludas que outras. Para muitas espécies as cerdas do abdômen proporcionam uma defesa eficaz. Tal como o porco espinho, é dotada de pelos urticantes que não hesita em disparar. As cerdas farpadas inflamam os olhos, nariz e garganta dos seus inimigos.
As tarântulas estão armadas com 2 aguilhões ocos que agem como agulhas hipodérmicas extraindo veneno de glândulas próximas. O veneno paralisa antes de matar. Não se tem notícia que jamais um ser humano tenha morrido por causa da mordida de uma tarântula, embora ao longo dos séculos a sua reputação se tenha consolidado como assassina. Na realidade a mordida de uma tarântula é tão dolorosa e perigosa para o homem como a ferroada de uma abelha.
Actualmente existem cerca de 800 espécies conhecidas de tarântulas, mas acredita-se que existam muitas mais; sendo criaturas tímidas, retraídas, elas tendem a evitar despertar a atenção. Nas florestas chuvosas elas são agrupadas em dois tipos: as terrícolas, que levam normalmente uma vida calma dentro de tocas, em fendas rochosas ou debaixo de troncos caídos, e as arborícolas, que vivem nas árvores.
Tão logo encontre um lar apropriado, reveste-o com seda. Os fios não servem para capturar presas, mas para vibrar. Capturam e amplificam o som de passos de insectos próximos e a vibração alerta a aranha para a refeição em potencial.
As aranhas podem fiar diversos tipos de seda de acordo com os seus propósitos. Uma cerda com um certo tipo de constituição molecular pode ser mais resistente que fio de aço da mesma espessura, ou algumas leves alterações bio-químicas podem tornar a seda extremamente flexível, mais elástica que material sintético.
350 milhões de anos de vida terrena criaram virtualmente intermináveis variedades. As tarântulas arborícolas são trepadoras exímias; centenas de cerdas encrespadas nas patas agarram-se às cascas das árvores como felcro. As que vivem nas copas da floresta chuvosa são em geral mais magras, ágeis e de pele mais resistente que as terrícolas.
A mais pequena, uma venezuelana listada de vermelho, mede apenas 2,5 CMS e vive dentro de folhas.
As aranhas macho são delgadas, de constituição delicada, e são menores que as fêmeas. Possuem na ponta das duas pernas dianteiras dois órgãos bulbosos com ganchos. Quando um macho encontra uma fêmea, usa as patas dianteiras para proteger os seus aguilhões e não deixar que o atrapalhem; em seguida, através de sinais de tacto faz com que a fêmea erga o abdômen; insemina-a então utilizando os ganchos, que se inserem numa pequena abertura na parte frontal do corpo da fêmea, onde depositam o esperma. É uma forma indireta de inseminação. O processo de acasalamento pode durar de poucos segundos a alguns minutos. O macho tem então que bater rapidamente em retirada ou tornar-se-à a sua próxima refeição!
As tarântulas arborícolas são mais ágeis que as terrícolas, são verdadeiras acrobatas e nadadoras também. Mas quer viva na alto ou no chão a maioria delas prefere a vida noturna. É a melhor hora para caçar. A tarântula é um animal de rapina. Captura as presas mantendo-se pacientemente imóvel até que algo passe por perto, em geral um inseto.
Não precisam de beber muito, mas precisam da água para se locomoverem. Utilizando uma espécie de pressão hidráulica elas transmitem fluído para dentro das pernas para estende-las.
Todas passam pelo ritual chamado “muda” Retirando-se para os seus nichos, quase sempre se deitam da costas durante a muda. Não possuindo esqueleto interno, só podem crescer se expelirem a sua casca exterior ou exo-esqueleto. Fazem-no bombeando continuamente sangue através das cavidades do corpo até que a pele antiga comece a partir-se. A muda pode levar de 2 a 12 horas. Quando são muito jovens fazem-no 4 vezes por ano, passando depois a uma periodicidade anual. A muda também é a oportunidade de fazer crescer novamente membros partidos, como pernas que estejam em falta.
Humanos e tarântulas não se encontram com freqüência. A exceção talvez seja na floresta tropical onde grandes áreas foram convertidas em plantações. De bananas, por exemplo! Elas costumam estar nos pontos aonde se juntam as bananas, entrando para dentro das caixas de transporte e aparecendo depois aonde são menos esperadas, como na Europa. Confrontos sérios com tarântulas são raros! Embora dolorosa, a mordida não é tão grave a ponto de matar.
As aranhas vivem em cada nicho e em cada fenda do Planeta, exceto na Antárctida. Como já foi referido o canibalismo faz parte integrante da vida das tarântulas, sendo uma das razões porque levam vidas solitárias.
Em 1996 uma nova espécie do deserto foi descoberta no México. As fêmeas parecem ser pavões do deserto: o seu colorido é algo raro entre tarântulas!
Os machos morrem logo após os 8 anos, quando atingem a maturidade sexual. Mas as fêmeas vivem até aos 20 e mesmo 30 anos. Acasalarão muitas vezes para assegurar muitas ninhadas de ovos. Vários meses após o acasalamento começa a por ovos, centenas deles, depositados suavemente num leito de seda feito por elas; ao expelirem os ovos também liberta o esperma do macho que manteve armazenado dentro de órgãos especiais. Somente agora os ovos são fertilizados. Depois reveste-os com uma camada protetora de seda, acabando por desaparecerem dentro do casulo, um imenso ovo protegido pela fêmea ciumenta.
Passadas seis semanas emergem as aranhinhas. Elas farão ainda uma muda antes de deixarem o casulo. As cores e textura alteram-se. Emergem plenamente desenvolvidas, mas ainda muito pequenas, menores que uma mosca caseira. As jovens ficam entregues à sua sorte desde os primeiros momentos de vida, embora permaneçam perto da mãe por ainda cerca de duas horas. Depois têm que se afastar, porque se se deixarem ficar perto da mãe, ela provavelmente os comerá.
Por fim a colônia recém-formada dissolve-se, partindo cada um para seu lado. Muitas destas pequenas aranhas não chegarão à idade adulta, pois predadores como o sapo, o camaleão e a cobra estarão no caminho delas.